sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Crítica de Juarez Fonseca : AIÓN, de Marcelo Fruet & Os Cozinheiros está entre melhores do ano no Brasil!


    Crítica feita pelo jornalista musical Juarez Fonseca, coloca o disco AIÓN, de Marcelo Fruet & Os Cozinheiros entre os melhores do ano no Brasil! Abaixo a transcrição da notícia publicada pelo autor em sua página do facebook.

" FRUET: POP DE PONTA NO RS
  @ Novo disco de Marcelo Fruet & Os Cozinheiros está entre os melhores do ano no Brasil


 Marcelo Fruet é um daqueles músicos em quem se pode apostar. Porque tudo o que já fez indica um cara que sabe o que quer e vem se preparando com afinco para se tornar reconhecido nacionalmente. Depois do muito bom álbum “O som do fim ou tanto faz”, de Fruet & Os Cozinheiros, de 2007, que deu a ele o prêmio Açorianos de melhor compositor em pop-rock e ao grupo o troféu de revelação do ano, o recém-lançado novo trabalho, “Aión”, mostra um efetivo salto de qualidade. Para mim, é o melhor disco gaúcho de 2013 e, pelo menos, um dos dez melhores do Brasil. Não sei se posso fazer tal comparação, mas já fazendo, acho que ele tem um rigor criativo, um olhar abrangente e uma ocupação com os detalhes que lembra Vitor Ramil. Mas é menos encucado e mais, digamos, moderno no sentido da MPB pop.
Ligado em música desde pequeno, ele começou nos festivais estudantis, teve a primeira experiência com banda em 1998 e no ano seguinte, graças a uma bolsa de estudos, foi estudar música e guitarra nos Estados Unidos. De volta em 2000, passou a tocar na banda Groove James e a participar em shows e/ou discos de Flu, Chimarruts, Da Guedes, Pública e outros nomes, até que em 2005 veio Fruet & Os Cozinheiros, que nasceu da vontade de mostrar as músicas que vinha fazendo. “Experimentamos muito, pesquisamos muito e ensaiamos muito antes de gravar o primeiro disco”, conta. Com tal currículo, passou a ser requisitado para produzir discos e fazer trilhas sonoras para o cinema, ampliando a experiência em outros lados. Em 2008, inscreveu a banda em um programa governamental e fizeram vários shows nos Estados Unidos.
Com “Aión” (palavra grega que significa “tempo”, mas um tempo para além do cronológico), ele reprograma o nome da banda para Marcelo Fruet & Os Cozinheiros e põe em prática os múltiplos aprendizados, ou seja: mesmo peça única, o disco tem múltiplos focos. Antes do lançamento em Porto Alegre, no fim de novembro, a banda viajou ao Japão para se apresentar na Kansai Music Conference, em Osaka. Tinha o convite e a hospedagem, não tinha as passagens, que foram conseguidas pelo sistema de financiamento colaborativo (crowdfunding), coisa que exige muita articulação. Com o disco nas mãos, o pessoal que colaborou deve estar achando que valeu a pena. Já avancei muito no texto e não vou falar de todas as músicas, apenas alinhar algumas impressões, acentuando que “Aión” tem algo do espírito de “Sgt. Peppers”.
Ramil e Sgt.Peppers, assim como sombras de Caetano são apenas referências para os que não conhecem o disco. Como em toda a vida mencionei faixas preferidas, faço o mesmo aqui, começando com “Song for Tom” (de Guilherme Curi) e seus ares tropicalistas, letra que mescla inglês e português, samba, rock e bossa nova. “Minha”, canção de clima romântico, tem belos piano (Luciano Leães), violino (Vagner Cunha) e arranjo de cordas. Romântica também, “Ponto de Vista” vai ao tango no bandoneon do argentino Martín Sued. Pop, incisiva, “Sabia que...” conjuga solo de guitarra com os tímpanos de Diego Silveira e uma letra baseada na repetição: “Sabia que amanhã hoje seria/ Sabia que ontem/ Já se passou/ E era algo que acabou/ Sabia que então/ Devia saber/ Porque estava ali agora”. Fruet diz que “todos os estilos nos temperam”.
Em “Adeusaloucura”, o clima melancólico dialoga com uma bela guitarra. “A Idade do Lobo” é um samba com coro de mais de 40 vozes, a flauta de Mateus Mapa e o cavaquinho de João Marcelo Selhane. Em inglês, o rock “Land of Moon” tem ares de Pink Floyd. “O Segredo de Oz” é uma suave canção pop que lá pelas tantas evidencia o fato de que Fruet não grita nunca, sua interpretação está quase sempre no tom da fala. E ele também se sai muito bem na difícil “Mal Secreto”, clássico de Macalé/Waly em tom de blues, com a gaita-de-boca de Ale Ravanelo. O disco tem outras participações além das citadas, mas os caras que de fato seguram todas, são os cozinheiros Nicola Spolidoro (guitarras), Brawl Marquez (baixo), André Lucciano (bateria) e Lucio Chachamovich (violões e guitarras adicionais).
Na última faixa, “Aión”, o pequeno poema de Heráclito é recitado em grego pelo professor e escritor Donaldo Schüller – ao fim do qual, depois de dois minutos e meio de silêncio, entra a bônus-track “Play”, um pop-rock que, para meus ouvidos, descende de George Harrison e Pink Floyd. Mas são só os meus ouvidos.
@ Financiamento Fumproarte, mais infos em www.cozinhandomusica.com."

Juarez Fonseca
25 de dezembro de 2012  (fonte: https://www.facebook.com/juarez.fonseca)

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